;”>Educação não consiste apenas em boas maneiras, é algo mais amplo, mais profundo, porque envolve o desenvolvimento da vontade, os problemas da saúde física, da higiene mental, da formação moral. Olga Brandão de Almeida;

Os adolescentes - Por Olga Brandão Cordeiro de Almeida

O adolescente, dispondo de meios de adulto, deseja ser tratado como tal, mas é ainda uma criança: magoa-se constantemente e comete infantilidades. Atravessa uma fase complexa que o torna confuso e chega mesmo a confundir certos pais.

Mas afirmar que dispõe de meios de adulto não significa que possa utilizar-se deles. Para tanto, precisa de maturidade. Esta é a nobre e espinhosa missão do educador: ajudá-lo a atingir maturidade em tudo: no comportamento, na inteligência e sensibilidade.

Diante de si, têm os pais um indivíduo quase adulto, mas continuam a tratá-lo como criança. Esse é o grande erro! Toda contribuição que o ajude a conquistar personalidade será aceita, desde que os elementos sejam utilizados na ocasião oportuna: quando deseja ou tem necessidade deles. É o momento maravilhoso da técnica educativa: auxiliar quem procura situar-se como adulto. Uma resposta adequada vale mais que conselhos, castigos, máximas consecutivas, não por serem prejudiciais, mas por estarem inadequados à natureza do adolescente.

Quem orienta um adolescente deve usar da palavra como meio de comunicação de um espírito a outro, o que significa ser sincero para colher proveito. Sacrifícios inábeis não ajudam, mas conduzem a resultados imprevisíveis. A tirania anula o senso de responsabilidade. Coagido, o jovem reúne todas as forças interiores para fugir ao domínio, contrariando os que o cercam e que, (embora inconscientemente) o impedem de atingir autonomia para a qual o impele uma força natural — a do desenvolvimento.

Maturidade no comportamento corresponde ao sentido de autonomia que se não deve confundir com liberdade de fazer o que quiser, mas possibilidade de seguir uma lei, um regulamento por si mesmo. O que possa parecer à primeira vista desobediência é uma atitude de ensaio para a conquista de individualidade. O jovem quer ser adulto e, por isso, não suporta imposições nem castigos aplicáveis às crianças.

Renega sermões; mas precisa de ajuda. Não deve, pois, ser abandonado. Tem necessidade de alguém que o compreenda, que mantenha consigo um profundo contato de espiritualidade, sensibilidade e afeição, o que não representa abdicação de autoridade. Deixar-lhe a responsabilidade do próprio comportamento é o caminho a seguir. Nem a conversa de igual para igual será a terapêutica.

Não se acredite que o adolescente rejeite qualquer auxílio, mas creia-se que esteja de acordo com as leis espirituais. Os princípios que partem dos que o cercam não serão subentendidos, se forem vividos. Será tão difícil organizar a vida familiar de um modo tão fecundo que dirija as boas iniciativas?

Exigir do adolescente confidência incondicional é tirar-lhe o direito de raciocinar, de fazer algo por conta própria. Exige-se da criança que conte tudo, mas com o adolescente será melhor não fazer disso uma obrigação, para não sugerir mentira. Respeitando-lhe os segredos, consegue-se conhecê-los com maior facilidade, desde que se não faça disso um artifício velhaco. Uma intimidade excessiva entre um dos pais e o adolescente exclui dos dois a possibilidade de uma vida pessoal, símbolo de maturidade.

A evolução do espírito se processa gradualmente. Qualquer obstáculo a essa evolução, da infância à adolescência, é prejudicial, pois fixa uma fase difícil de ser ultrapassada. A prova disso é o sem-número de adultos que não chegam à maturidade.

Inúmeros adolescentes não conseguem atingir o senso da realidade em consequência da atitude pouco compreensiva e exageradamente severa dos pais. Então, empregam todo o esforço para tentar evadir-se, mas só conseguem colocar-se em situação desvantajosa.

Se o pensamento é uma força, será ótimo fazer um conceito do adolescente que o valorize. Proclamar-lhe os defeitos, embora com a intenção de corrigi-lo, é obter exatamente o que se não deseja. Dizer-lhe: “você é um vadio, a vergonha da turma” é gravar-lhe na mente tal comportamento. Mas imaginá-lo uma pessoa normal, tornando-se autônomo, amadurecendo, é auxiliá-lo a desenvolver a faculdade de tornar-se um verdadeiro adulto.

A maturidade afetiva prende-se à disposição para o casamento e relaciona-se à faculdade de amar sem egoísmo, sem o fito único da posse. Depende também de um caráter físico — o da sexualidade normal.

Auxiliado pela família e pelas próprias reflexões sobre as experiências da vida, o adolescente toma conhecimento da natureza humana: diversidade de atitude de acordo com o sexo e o meio. Guiado espiritualmente, possuído do senso de autonomia e responsabilidade, ressentido da limitação, procura a companhia que o completará numa união fecunda de amor.

Os adolescentes
Por Olga Brandão Cordeiro de Almeida
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