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Educar-se é aprender a
comandar os instintos e as tendências. Quem não tem horas para dormir e
trabalhar, quem gasta e diverte-se exageradamente e não consegue dominar os
acessos de cólera ou os momentos de medo, também não poderá dominar-se em
qualquer circunstância, até mesmo na sexualidade.
Educação não consiste
apenas em boas maneiras, é algo mais amplo, mais profundo, porque envolve o
desenvolvimento da vontade, os problemas da saúde física, da higiene mental, da
formação moral.
Os vícios são verdadeiras
doenças morais de que se contagiam os mal-educados.
Educar-se é também
preparar-se para a sexualidade normal cuja finalidade é a procriação como
conseqüência da união conjugal. O instinto não controlado é próprio dos
irracionais.
Educar é compreender, é
reforçar a vida do grupo, compartilhando não só das responsabilidades e
alegrias como do trabalho.
Educação não é somente o
maior bem legado aos filhos, mas também o mais alto dever paterno.
Não se furtem os pais a
esse dever, nunca vacilando em colocá-lo acima das experiências e da
tranqüilidade pessoal.
O perigo de não educar os
menores é o de legar-lhes um triste futuro: criaturas fracassadas ou carrascos
dos que lhes ensinaram a ser tiranos.
Mas não são poucos os
lares onde os filhos implantam anarquia, mandam, olham a mãe como serviçal.
A delicada tarefa de
educar depende de harmonia interior, de equilíbrio, por isso nem todos os pais
estão aptos a ministrá-la, embora sejam sinceramente desejosos da felicidade
dos filhos. São criaturas-problema, mais erradas que culpadas, cujo comportamento
é conseqüência da própria história pessoal: reações afetivas de parentes ou
conjugais, agressividade com que foram tratadas na infância e adolescência.
Mas, se a recuperação é uma lei natural, qualquer indivíduo, desde que se
esclareça, que se conheça, é capaz de solucionar os próprios problemas e evitar
outros (os dos filhos).
A maneira de educar não
deve ser uma panacéia universal, porque as crianças não são iguais, mas há
princípios gerais que evitam constantes equívocos.
Relações de afetividade
indispensáveis ao binômio pais-filhos são envenenadas pelo autoritarismo que
humilha, solapa a confiança, destrói o amor. São comuns em algumas famílias as
ofensas que decorrem dos atritos diários reveladores de falta de confiança, de
medo de futuros fracassos.
É bom que o educador não
esqueça que sensibilidade ferida tem ótima memória.
Em educação, é importante
a crítica objetiva que se baseia no bem-estar do outro, na análise que visa ao
autocontrole, a qual será realizada com moderação e ponderação. Somente tal
atitude do educador poderá ajudar a refletir.
Educar e aceitar o outro
tal qual é, o que não impede de ajudá-lo a tornar-se aquilo que devia ser.
Educar é dar prova de amor, mas existem pais que não dando importância às
condições afetivas, agem de acordo com o modo de pensar. Imaginam que,
aplicando apenas bons hábitos automaticamente, educam muito bem: a criança
executa as ordens e, de tanto executá-las, torna-se um ser forte dotado de
personalidade.
Evidentemente, a
autoridade é indispensável, mas não impede que se afirme que tanto pode formar
como deformar. Uma criança normal, mal compreendida pelos pais, será educada às
avessas.
Atitudes pedagógicas
rígidas e humilhantes provocam revolta surda ou declarada. O método pode ser
enérgico, mas desde que apele para uma aceitação espontânea, não terá a
inconveniência de desencadear reações de animosidade ou hostilidade.
O papel dos pais
(principalmente da mãe) é aprender a aceitar as piores estórias dos filhos,
podendo até provocá-las nos momentos de tensão para evitar cóleras surdas que
conduzem, muitas vezes, à hipocrisia ou à mentira. Compreender, não para
perdoar, mas para aplicar o castigo merecido.
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“Seja bonzinho para
agradar a seus pais” é frase que não atinge as necessidades profundas do adolescente.
O erro não está no apelo ao amor filial, mas na maneira inexpressiva de dizê-lo.
Mas explicar que somente o cumprimento do dever abre caminho a uma vida
produtiva é reforçar, é guiar.
Agir sem durezas e
fraquezas, aceitando a criança ou o adolescente como alguém que necessita de
uma presença para compreender as contradições e ajudar a compensá-las é o que
vale em educação — o problema mais importante do Brasil, segundo a opinião do
eminente mestre Miguel Couto.
A educação – I